domingo, julho 29, 2007

Unicordel no Festival de Inverno de Garanhuns




Garanhuns abriu seus braços
pra receber o cordel
no Parque Euclides Dourado
fizemos nosso papel
levamos versos à praça
com raça, malícia e graça
com faz bom menestrel.

Sábado, 21 de julho. 12 integrantes da Unicordel levaram os versos da poesia popular à biblioteca do Parque Euclides Dourado, dentro da programação do Festival de Inverno de Garanhuns. Platéia atenta e participativa. Aos poucos vamos abrindo novos espaços, conquistando novos admiradores do cordel e tendo mais convicção que estamos na trilha certa.

Neluce, Meca, Felipe, Altair, Ivanildo, Severino, Esperantivo, Davi, Evangelista, Dunga, Kerlle: Companheiros que me deram esta alegria de ver estampado nos olhos dos ouvintes o encanto por essa arte que me move e me alimenta.

Outros lá não estiveram por motivos vários, mas também são parceiros nessa história que está sendo escrita com a tinta da cumplicidade.

domingo, julho 15, 2007

Cordel na Fenneart


Susana e Neluce no espaço Unicordel (Fenneart-07/2007)

Hoje deixo de lado os versos, embora continue tratando do meu envolvimento com a poesia popular. Sinto necessidade de falar desta experiência de ver a Unicordel presente na FENNEART (www.pe.gov.br/fenneart), ocupando um espaço em um dos estandes de Pernambuco na área do PAB-Programa do Artesanato Brasileiro.

Neste sábado, penúltimo dia da feira, fiquei quase o dia inteiro por lá, junto com alguns companheiros cordelistas, dando uma força a quem estava de plantão e proseando com os poetas que se fizeram presentes. E esta permanência no local me propiciou alguns momentos de grata satisfação que tiraram um pouquinho do azedume característico desses últimos dias: 1º) Ficar o tempo todo admirando as peças de Luiz Galdino, aquelas "caboclas" sensuais do colo desnudo que ficam provocando o desejo de passar a mão pra sentir a maciez da "pele" daqueles seios que o artista reproduziu com refinado acabamento; 2º) Ouvir uma visitante lançar os olhos sobre a camisa da Unicordel e declarar: "Que camisa maneira, meu!"; 3º) Receber o convite para escrever um cordel para ser distribuído como lembrança de um casamento que só deverá acontecer daqui a uns dois anos; 4º) Ver nosso companheiro Davi Teixeira, cordelista e bonequeiro, passeando entre os visitantes com seu Bastião, e seu Zé Preto, fazendo seus bonecos lerem cordel e cantarem junto com os seresteiros que desfilaram nos corredores da feira; 5º) Observar, de longe, João Guilherme (um guri de sete anos, filho da amiga poetisa e jornalista Rossana Fonseca) sentadinho lá num canto do estande, lendo compenetradamente o cordel que professor Adelmo escreveu para o Sport; 6º) A declaração de um senhor que ao saber do preço pelo qual estávamos vendendo nosso cordel (R$ 1,50), disse que na sua opinião o cordel valia era R$ 150,00.

Isso não tem preço!!!!!!!!

terça-feira, julho 10, 2007

A HISTÓRIA DO POBRE E DO JUIZ ou A DIGNIDADE É UM SAPATO

Autor: Paulo Moura (Dunga) *


No tempo do meu avô
Dizia-se com clareza
Que um fio de bigode
Representava nobreza
Ou então a afirmação
De que: - Vou cuspir no chão!
Era sinal de firmeza.


Que beleza não põe mesa
Todos já devem saber
E de que julgar alguém
Sem sequer lhe conhecer
É uma idéia falha
Porque, às vezes, gentalha,
É quem está no poder.


Certo dia ouvi dizer
Que o JUIZ de uma cidade
Do auge da competência
De sua autoridade
Se recusou receber
Um homem, por ofender
A sua dignidade

A “ofensa” ou maldade
Que esse homem do mato
Cometeu com o JUIZ
Não foi algo insensato
O POBRE foi recusado
Na sala do magistrado
Porque tava sem sapato

O JUIZ, de fino trato
Não gostava de gentalha
Reclamou ao tabaréu
Porque estava de sandália
E que naquela audiência
Na frente da excelência
Era uma terrível falha

Sem ter alguém que lhe valha
O POBRE homem inato
Chorando disse ao JUIZ
Doutor, não sou insensato,
Sou honesto, embora pobre
Sou desprovido de cobre
Para comprar um sapato

Diante daquele ato
A imprensa acudiu
Saiu no noticiário
Todo o mundo assistiu
“Trabalhador recusado
Porque estava calçado
De forma indigna e viu”


Como ninguém lhe aplaudiu
O JUIZ foi consultado
Pediu desculpas ao povo
Achou ter “exagerado”
Não sabia que o pobre
Não tinha lá muito cobre
E deu o caso encerrado.


Novo dia foi marcado
Para a nova audiência
A imprensa foi atrás
Pra ver Vossa INCELÊNCIA
Destrinchar o veredicto
Pois era homem contrito
De muita classe e decência


Só não tinha consciência
De estar tão equivocado
Porque a honra de um homem
Não esta no seu calçado.
Vestido com mais “decência”
O POBRE foi pra audiência
Com um sapato emprestado

E estava bem apertado
Pois de número menor
O seu sogro lhe emprestou
Porque dele teve dór
Visando grande sacada
O juiz da palhaçada
Fez algo ainda pior


Pensando ser o maior
O JUIZ rico e astuto
Na frente dos jornalistas
Presenteou o matuto:
Bem limpinho e engraxado
Um par de sapato usado
Mas que não era fajuto!


“De aceitar eu reluto!”
Lhe exclamou o rapaz
Um presente do senhor
Eu não vou querer jamais...
Na terra em que fui criado
Os que mais andam calçados
É que são os marginais...

* = Paulo Moura (Dunga), poeta-cordelista membro da UNICORDEL-União dos Cordelistas de PE, pesquisador do Cangaço e Sócio da SBEC (Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço).Tem diversos Cordeis publicados, quase todos fazendo referencia ao Cangaço. Profere palestras sobre Lampião e o Cangaço e sobre a Literatura de Cordel.

Contatos: 81 9421 2653 ou paulodunga@bol.com.br

domingo, julho 08, 2007

TRADIÇÃO E CONTEMPORANEIDADE NA LITERATURA DE CORDEL


Este será o mote para o Curso de Férias que será realizado na Faculdade Integrada do Recife-FIR, pelo cordelista José Honório da Silva, no período de 17 a 20.07.07, das 19 as 22 horas.

Com mais de vinte anos de dedicação à poesia popular nordestina, tanto como poeta quanto como pesquisador, já tendo publicado cerca de cinquenta folhetos, além de realização de palestras, oficinas, debates e recitais, o cordelista irá propiciar aos participantes do curso uma visão panorâmica e atual do mundo encantado do cordel, explorando suas origens e influências, suas estruturas e componentes, assim como a relação do cordel com as outras vertentes da poesia popular e manifestações afins (embolada, repente, samba de maracatu, aboio, xilgoravura, etc.) e com os novos recursos tecnológicos e midiáticos.

O curso se destina tanto aos que pretendem se dedicar à produção poética quanto aos que querem aprofundar seus conhecimentos a respeito da poesia popular nordestina e aplicá-los nas mais diversas atividades (Educação, Comunicação Social, Publicidade, etc).

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Inscrições
Valor: R$ 25,00
Maiores informações:
Telefone: 2101-8326
Site: www.fir.br
Email: extensao@fir.br