segunda-feira, janeiro 07, 2008

Folias de Reis

Dia de Reis no Recife. Queima da lapinha encerrando o ciclo natalino e dando início oficioso aos festejos de Momo. A palha dos presépios pegando fogo e Olinda também. As pastoras cantam suas últimas jornadas e as orquestras tomam conta das ruas. Os batuqueiros, idem.

Pastoris, bumba-meu-boi, cavalo-marinho, marujada, calumbi, nau catarineta, reisados, guerreiros e folia-de-reis são algumas das expressões da cultura popular típicas dessa época, espalhadas por esse Brasil afora. Umas ainda ativas, outras sobrevivendo a muito custo, algumas já fazendo parte apenas das lembranças dos mais antigos. E foi pensando nesses folgazões, nos foliões em geral, que escrevi o poema a seguir.

Folias de Reis (inclusive Momo)

Senhores donos da casa
Dão licença de entrar
A bandeira e os foliões
Pra na sala vadiar
Santos reis do Oriente
Nós viemos aqui saudar
Pinga em nós, ô coisa boa
Porco no tacho, ô iaiá!
Isso é coisa do passado
Que não se pôde apagar
Nas lembranças da guria
Princesa de Japurá
Que debaixo da bandeira
Quer novamente passar
Mas os foliões se foram
- Ô mamãe, me leva lá.

- Princesa, faço um convite
E espero que o acates:
Venha pra minha folia
Ela está em toda parte
Por aqui não há bandeira
Porém existe estandarte
Pode passar sob ele
E com isso, iniciar-te
Nessa folia de Momo
E a ela entregar-te
Há pinga aqui também
Ajudando a fazer arte
Tira-gosto de caju
Que em rodelas se parte
Tem cheiro de amor no ar
E gente querendo amar-te

Tem fantasias diversas
E quando a folia finda
Inda ficam focos dela
Pelas ladeiras de Olinda.


(Recife, 07 de janeiro de 2008.)